segunda-feira, 31 de julho de 2023

PLANEJAMENDO A AULA: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E ESPAÇO ESCOLAR


A BNCC nos convida a refletir sobre o que vamos ensinar, para que possamos desenvolver competências e habilidades que garantam a formação integral de nossos alunos. Por isso, este é um dos principais pontos que o educador deve levar em consideração no momento em que estiver planejando aula.

Isso porque, esse olhar nos remete a rever a organização curricular utilizada em nossa escola e quais as metodologias que escolheremos para que tudo seja possível e o processo de ensino e aprendizagem seja eficaz.

Parece, à primeira vista, que pensar nos tempos escolares e na organização dos espaços físicos não seja algo que mereça a atenção necessária, pois os tempos da escola (horários de aula, números de aulas para cada área do conhecimento, ano letivo, calendário) e os espaços (organização das carteiras, divisão dos ambientes) já são determinados.

Mas o tempo e o espaço são estruturantes para a cultura escolar, são ordens a serem aprendidas e influenciam diretamente na dinâmica social e cultural. Aprendemos com o tempo e com os lugares. São ferramentas pedagógicas e, portanto, devem nos orientar enquanto estivermos planejando aula.


3ºBIMESTRE DISCUTIR A DIVERSIDADE, O TEMPO E O ESPAÇO NA ESCOLA. O QUE SIGNIFICA?

 


Discutir a diversidade, o tempo e o espaço na escola: o que significa?

Liliamar Hoça

A imagem concebida historicamente da escola, na qual crianças de determinadas idades frequentariam um espaço projetado para ensinar em períodos fixos de tempo, não corresponde à imagem, tampouco à realidade hoje difundidas. Quem conhece a escola de ensino fundamental sabe muito bem como cada dia se configura. Tanto alunos como professores não são apenas sujeitos contemplativos na instituição. No cotidiano, os professores se deparam com muitos desafios advindos de aspectos administrativos, políticos, pedagógicos. Entrelaçado aos referidos desafios está a busca por compreender o significado da diversidade em sala de aula e chegar ao ponto de desenvolver um trabalho pedagógico voltado a tal questão. Mas o que pressupõe (presumir) para a escola, para o professor e para os alunos a questão da diversidade?

Caso os alunos fossem questionados acerca da diversidade, poderiam responder como Tatiana Belinky em sua obra, cujo título é Diversidade: Diversidade - Um é feioso...  Outro é bonito...  Um é certinho.... Outro, esquisito. Ou até assim: Um é ligeiro... outro é mais lento... um é branquelo... outro é sardento. A resposta dos alunos poderia também deixar muitas pessoas a pensar, pois poderiam dizer: Um carrancudo... outro, tristonho... um divertido... outro, enfadonho. Porém, não é possível deixar de mencionar o quanto os alunos se percebem marginalizados quando, em determinadas atividades propostas em sala de aula, precisam seguir um padrãosegundo o qual pouco podem expressar de sua maneira de compreender ou não, e interagem como necessitam seus docentes.

Sob a ótica do professor, a diversidade pressupõe mudanças na dinâmica de relações com os alunos, alterações nas atividades diárias, de modo que todos possam alcançar um nível de reflexão, expressem seu pensamento e trabalhem juntos, partindo de suas possibilidades intrínsecas. Assim, com o intuito de garantir a plenitude do processo, se faz necessário revisar determinadas práticas, principalmente aquelas relacionadas à organização dos grupos de trabalho em sala de aula e fora dela, bem como às questões voltadas ao tempo e ao espaço. Em outras palavras, é imprescindível ao docente conhecer mais e melhor a questão da aprendizagem, perceber a importância em se conhecer enquanto pessoa passível e carente de aprendizado, e que seu modo de aprender tem um elo com sua forma de ensinar.

O docente, para tratar da diversidade, precisa rediscutir atitudes e/oatividades de caráter homogeneizador, presentes nos muitos processos de aprendizagem.

O dito popular o Sol nasce para todos, na relação ensino-aprendizado, pode representar uma cruel realidade, pois todos os alunos são expostos ao mesmo tipo de atividade, modelo de ensino e parâmetros de avaliação. Cada estudante tem seu ritmo, tempo próprio, experiência prévia, particular motivação diante da escolaridade e modo de conhecer único, além de estabelecer referenciais, a fim de se localizar e reconhecer no espaço escolar.

Para a escola tratar da diversidade, será necessário repensar o projeto pedagógico, a organização do tempo e do espaço, considerando a necessidade de compreender quanto e como o tempo é despendido em atividades significativas para o desenvolvimento dos conteúdos, quais espaços são utilizados e com qual intenção. Enfim, questionar o que representa tempo e espaço na aprendizagem.

A diversidade pressupõe que os envolvidos no processo educativo concebam a aprendizagem como a interação entre a natureza e o meio. Segundo Coll (1996, p.334) o aluno precisa sentir-se à vontade e confiante nas relações com os adultos com os quais interage, mas também que a recíproca seja verdadeira.

Lima (1999, p.8) apresenta uma questão muito relevante sobre a aprendizagem e a relação com o tempo, quando afirma que o planejamento não deve antever apenas situações de aprendizagem, mas deve também prever o planejamento do tempo necessário à execução e reflexão no que concerne às referidas situações. O aluno poderá então estabelecer relações elaboradas, processar a informação, reformular a ação. Portanto, refletir sobre a questão do tempo e do espaço no planejamento das atividades escolares traduz-se em um eixo muito importante para o desenvolvimento de ações que auxiliem tanto professores quanto alunos.