Discutir a
diversidade, o tempo e o espaço na escola: o que significa?
Liliamar Hoça
A imagem concebida historicamente da escola, na
qual crianças de determinadas idades frequentariam um espaço projetado
para ensinar em períodos fixos de tempo,
não corresponde à imagem, tampouco à realidade hoje difundidas. Quem conhece a
escola de ensino fundamental sabe muito bem como cada dia se configura. Tanto
alunos como professores não são apenas sujeitos contemplativos na instituição.
No cotidiano, os professores se deparam com muitos desafios advindos de
aspectos administrativos, políticos, pedagógicos. Entrelaçado aos referidos
desafios está a busca por compreender o significado da diversidade em sala de
aula e chegar ao ponto de desenvolver um trabalho pedagógico voltado a tal
questão. Mas o que pressupõe (presumir) para a escola, para o professor e para os alunos a
questão da diversidade?
Caso os alunos fossem questionados acerca da
diversidade, poderiam responder como Tatiana Belinky em sua obra, cujo título é
Diversidade: Diversidade - Um é feioso... Outro é bonito... Um é certinho.... Outro, esquisito. Ou até
assim: Um é ligeiro... outro é mais lento... um é branquelo... outro é
sardento. A resposta dos alunos poderia também deixar muitas pessoas a pensar,
pois poderiam dizer: Um carrancudo... outro, tristonho... um divertido...
outro, enfadonho. Porém, não é possível deixar de mencionar o quanto os alunos
se percebem marginalizados quando, em determinadas
atividades propostas em sala de aula, precisam seguir um padrão, segundo
o qual pouco podem expressar de sua maneira de compreender ou não, e interagem
como necessitam seus docentes.
Sob a ótica do professor, a diversidade pressupõe
mudanças na dinâmica de relações com os alunos, alterações nas atividades
diárias, de modo que todos possam alcançar um nível de reflexão, expressem seu
pensamento e trabalhem juntos, partindo de suas possibilidades intrínsecas.
Assim, com o intuito de garantir a plenitude do processo, se faz necessário
revisar determinadas práticas, principalmente aquelas relacionadas à
organização dos grupos de trabalho em sala de aula e fora dela,
bem como às questões voltadas ao tempo e ao espaço. Em outras
palavras, é imprescindível ao docente conhecer mais e melhor a questão da
aprendizagem, perceber a importância em se conhecer enquanto pessoa passível e
carente de aprendizado, e que seu modo de aprender tem um elo com sua forma de
ensinar.
O docente, para tratar da diversidade, precisa
rediscutir atitudes e/ou atividades de caráter homogeneizador,
presentes nos muitos processos de aprendizagem.
O dito popular o Sol nasce para todos, na relação
ensino-aprendizado, pode representar uma cruel realidade, pois todos os alunos
são expostos ao mesmo tipo de atividade, modelo de ensino e parâmetros de
avaliação. Cada estudante tem seu ritmo, tempo próprio, experiência
prévia, particular motivação diante da escolaridade e modo de conhecer único,
além de estabelecer referenciais, a fim de se localizar e reconhecer no espaço
escolar.
Para a escola tratar da diversidade, será
necessário repensar o projeto pedagógico, a organização do
tempo e do espaço, considerando a necessidade de compreender
quanto e como o tempo é despendido em atividades
significativas para o desenvolvimento dos conteúdos, quais
espaços são utilizados e com qual intenção. Enfim, questionar o que
representa tempo e espaço na aprendizagem.
A diversidade pressupõe que os envolvidos no
processo educativo concebam a aprendizagem como a interação entre a natureza e
o meio. Segundo Coll (1996, p.334) o aluno precisa sentir-se à vontade e
confiante nas relações com os adultos com os quais interage, mas também que a
recíproca seja verdadeira.
Lima (1999, p.8) apresenta uma questão muito
relevante sobre a aprendizagem e a relação com o tempo, quando afirma que o
planejamento não deve antever apenas situações de aprendizagem,
mas deve também prever o planejamento do tempo
necessário à execução e reflexão no que concerne às referidas situações. O
aluno poderá então estabelecer relações elaboradas, processar a informação,
reformular a ação. Portanto, refletir sobre a questão do tempo e do espaço no
planejamento das atividades escolares traduz-se em um eixo muito importante
para o desenvolvimento de ações que auxiliem tanto professores quanto alunos.